quarta-feira, 16 de março de 2016

INTRODUÇÃO

Que pensamentos ocupam a mente dos adolescentes nos dias que passam por eles?
Acompanham os dias ou são por eles ultrapassados?
Ou ultrapassam os dias e veem-nos ficar para trás, vazios?
Ou vão ao seu lado, guardando-os depois como objetos valiosos nas paredes dos quartos?
Os adolescentes perseguem o quê? O que os inquieta? Revoltar-se-ão o suficiente?
A alma adolescente é, geralmente, opaca. Os adultos dificilmente se apercebem do que lá se passa. Mas alguns interrogam-se. Mas interrogam pouco os adolescentes. Eles também não gostam muito de ser interrogados, preferem o diálogo ou o silêncio.
O que da alma adolescente se revela pode parecer, por vezes, pouco atrativo e mesmo fatal para a curiosidade dos adultos, mas pode, também, sob a forma de uma expressão especialmente triste ou sorridente ou de algumas palavras que lhe escapam, avivar a vontade de saber o que sente.
A alma adulta tende ou a esquecer-se e a  desencantar-se com os adolescentes. Mas quando passa muito tempo sem ter notícias da alma adolescente, o adulto é, subitamente, assaltado pela ideia de que tem que fazer algo para saber o que lá se passa. Então pensa em estratégias para recuperar o contacto. Organiza, por exemplo, concursos de poesia: disse Eugénio de Andrade que "o ato poético é o empenho total do ser para a sua revelação."
E a alma adolescente surpreende a alma adulta: participa em grande número. E não hesita em revelar-se e agradar novamente.

António Martinho

Sem comentários:

Enviar um comentário