O revólver não hesita.
A inocente fragilidade
Separa-se, então,
Em pedaços mil, flutuando
Num mar de viva profusão
Comparável apenas
À sumarenta perdição
Que teus carnudos lábios são.
Náufragos na vermelha vividez,
Teus olhos semiabertos jazem,
Reluzindo como azuis safiras,
Dizendo um último adeus ao mundo,
Antes de se juntarem
Ao deus do profundo.
A tua perfeição fora
O principal ingrediente
De uma morte não acidental,
Apenas acidentalmente conveniente.
Contudo,
No que de mim depender,
O esquecimento a ti não levará:
Com o mais genuíno dos óleos
Tuas lívidas e belas feições
Preservadas serão
Num fiel retrato pintado
Em tons escarlate de amarga obsessão.
David Garcia, 12ºA
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