Ouço
uma voz lá no fundo, bem lá no fundo:
“Foge!”
Ecoam
ao longe bombas que rebentam
Estilhaços
de vidas.
Guerras,
tragédias, doenças
Ódios
em nome de crenças
Fome,
violência…
Era
suposto o Homem aguentar tanto horror?
Foi
erro do criador?
De
novo a voz: “Foge!”
Devo
fugir? Para onde?
Tremo
de medo.
Vacilam
os pensamentos.
Voltar
as costas? Como?
Não!
O
Homem é capaz!
O
Homem tem de ser capaz!
A
mudança é possível!
Tem
de ser possível!
E
eu não fujo!
Cheiro
as flores a desabrochar e não fujo.
Ouço
o coro das andorinhas a voltar e não fujo.
É
a esperança que me acolhe no seu colo
E
me abraça.
Sussurra-me
que o Homem mudou
E
não matou, não violentou, não lutou.
Trouxe
cestos de ternura com pão de mistura.
E
doses de amor para curar a dor.
E
eu não fugi!