Fixa com tristeza os dedos, e não,
Movimenta-os ao som da música,
E não, não a que ouve
Mas a que houve, e a que silenciava
O tempo não era suficiente 
Quando só o tempo ficava
E o instante que o marcava
Era o mesmo que se extinguia, 
Prisioneiro da sua prisão
Imaginando um segundo
Perdido, na fracção
Conta agora quanto tempo passou
E quanto não passou
Enquanto esperavas que passasse,
Conta agora quantas letras tinham as palavras
E quantas palavras têm as grandes letras
Se os grandes que passaram ficam
E os que quiseram ficar passam 
Assim é a lei das alvíssaras
Mas é assim, quando tem de ser
E o mais triste, é o mais
Olhar para as crianças que brincam
E que me alegram, porque o evitam
Saber que o podia ter sido, e o fui
Mas que o não sei mais
Escrever uma palavra, dentro da frase
Compor versos e histórias
De heróis ou memórias
Ser princesa e cavaleiro
Pela parte ou o inteiro
É o bom de viver agora, e o futuro 
Esse ser,
Não de mim, nem do que houve, 
Mas do está para se ver
Porque tudo é como é, 
E o passado não seria mais do que o passado 
Quando o passado o é
 
Sem comentários:
Enviar um comentário