domingo, 14 de junho de 2015

1.º Prémio 2015 - FUGIR - Inês Oliveira Costa - 11A

Ouço uma voz lá no fundo, bem lá no fundo:
“Foge!”
Ecoam ao longe bombas que rebentam
Estilhaços de vidas.
Guerras, tragédias, doenças
Ódios em nome de crenças
Fome, violência…
Era suposto o Homem aguentar tanto horror?
Foi erro do criador?
De novo a voz: “Foge!”
Devo fugir? Para onde?
Tremo de medo.
Vacilam os pensamentos.
Voltar as costas? Como?
Não!
O Homem é capaz!
O Homem tem de ser capaz!
A mudança é possível!
Tem de ser possível!
E eu não fujo!
Cheiro as flores a desabrochar e não fujo.
Ouço o coro das andorinhas a voltar e não fujo.
É a esperança que me acolhe no seu colo
E me abraça.
Sussurra-me que o Homem mudou
E não matou, não violentou, não lutou.
Trouxe cestos de ternura com pão de mistura.
E doses de amor para curar a dor.

E eu não fugi!

2.º Prémio 2015 - O TEMPO - Sofia Alves - 10C

O tempo é difícil de descrever
Conta segundos, minutos e horas
Foge de nós, sempre a correr
Sem termos tempo de o compreender

Os minutos livres são escassos
Escorregam por entre os dedos
Desfazem-se apressadamente em pedaços

O tempo dá-nos tempo para criar laços
Sentir anseios e amarguras
Por vezes caímos nos seus braços
Viramos-lhe as costas noutras alturas

O tempo é assim, algo invulgar

Que tanto amor como sofrimento pode causar.

3.º Prémio 2015 - A VIDA - Raquel Costa - 11F

Eu sou aquela que na morte vê vida
Aquela que na ansiedade nada anseia
Que espera que o tudo venha
Enquanto chora porque o passado já passou

Sou aquela que todos veem
Aquele desejo perdido de um dia ter norte
Aquela travessia incompreendida

Eu sou a voz muda
Sou a palavra que consola
A palavra que abate

Sou a esperança,
A luz e a escuridão
Sou mar e terra
Aquele misto de certezas e incertezas

Sou aquela que compreende o incompreensível
Aquela que regride crescendo

Sou a imaturidade na maturidade
Sou o tudo e o nada.     


Menção Honrosa 2015 - SEM TÍTULO - André Almeida - 10D

Naquela noite, sentado,
Estava esperando a poesia.
Sobre o que haveria de escrever?
E ela não aparecia.

Fui esperando, e esperando
E olhando para o pó.
Mas não tinha mais ideias,
E sentia-me tão só.

Existiam mil e uma coisas
Sobre o que eu pudesse escrever,
Mas tinha de ter um tema
O pior era escolher.

Que tal escrever sobre um navio,
Que pelo oceano navegava.
Pensava em tudo e alguma coisa,
Mas não me ocorria nada.


Fui procurando no meu cérebro,
Mas nada de especial tinha.
Era como um dicionário,
Onde o que eu queria não vinha.

Sou um felizardo infeliz,
Sem nada para escrever.
Mas o trabalho é duro,
Ai, isso podem crer.

A imaginação é infinita,
Como as estradas do universo.
E eu sou um pobre náufrago,
Num oceano disperso.

Passei a noite a pensar,
E com isto já é de dia.
Então assim, com muito orgulho,
Encerro esta poesia.

RECEIO - Hélia Nunes - 1F

Tenho medo da vida
Tenho medo da morte,
Tenho medo do dia
Tenho medo da noite.

Vivo sem rumo, sem razão.
Uma faca espetada no meu coração
Que me leva à solidão,
Perante uma multidão.

Dentro de mim permanece uma enorme ferida
Mas pessoalmente é um simples corte.
Com isso sou uma pessoa fria,
Que finge ser forte.

Olho-me através do espelho e não me conheço
E pergunto porque me sinto assim.
Porque se calhar tenho medo de um novo começo?

Tenho medo, mas de mim.

AMOR - Maria Beatriz Vieira - 11A

Não há tema mais banal,
mas também mais questionável.
Paradoxo conhecido de todos,
mas vivido apenas por alguns.
Efemeramente, traz-nos memoráveis
réplicas de uma real felicidade.
Duplicando em nós a esperança de as reviver.
Retira-nos bruscamente olhares afetuosos, trocados,
deixando-nos desalojados,
dentro de uma vasta escuridão,
vivida metodicamente.
Cegamente, aproxima-nos de rebeldes libertinagens,

onde a liberdade nos prende.

VAMOS SER UM SÓ - Alexandra Tomás - 11I

A minha necessidade de te ter
É mais forte que o meu ser

Dá-me do teu sangue
Vamos ser um só

Podemos ir embora?
Estou farta deste mundo!

Alimenta-me a alma
Alimenta-me a vida

Dá-me razão para viver
Não quero morrer em vão.

Abre-me o coração
Entra e não saias

Não me deixes à deriva
Dá-me da tua saliva

Dá-me do teu sangue
Vamos ser um só

PORQUE FORTE É TUDO - Inês João Santos - 11A

Porque forte é tudo aquilo que sempre foste
Tudo aquilo que és
E tudo aquilo que sempre serás

Não caias
Mas se caíres levanta-te
Sê firme
Não estás sozinha

Lembra-te de todas as coisas boas que a vida já te deu
E todas aquelas que ainda tem para te dar

Num futuro próximo está o teu sucesso
Se o quiseres ter
Basta querer
Acreditar
Ter Fé
Nunca desistas
Sê forte

 Porque forte é tudo aquilo que és 

LEI DAS ALVÍSSARAS - Inês Alexandra V. Santos - 12G

Fixa com tristeza os dedos, e não,
Movimenta-os ao som da música,
E não, não a que ouve
Mas a que houve, e a que silenciava

O tempo não era suficiente 
Quando só o tempo ficava
E o instante que o marcava
Era o mesmo que se extinguia, 

Prisioneiro da sua prisão
Imaginando um segundo
Perdido, na fracção
Conta agora quanto tempo passou
E quanto não passou
Enquanto esperavas que passasse,

Conta agora quantas letras tinham as palavras
E quantas palavras têm as grandes letras
Se os grandes que passaram ficam
E os que quiseram ficar passam 
Assim é a lei das alvíssaras

Mas é assim, quando tem de ser
E o mais triste, é o mais
Olhar para as crianças que brincam
E que me alegram, porque o evitam
Saber que o podia ter sido, e o fui
Mas que o não sei mais

Escrever uma palavra, dentro da frase
Compor versos e histórias
De heróis ou memórias
Ser princesa e cavaleiro
Pela parte ou o inteiro

É o bom de viver agora, e o futuro 
Esse ser,
Não de mim, nem do que houve, 
Mas do está para se ver

Porque tudo é como é, 
E o passado não seria mais do que o passado 
Quando o passado o é

ALMA EM CHAMAS - Francisca Silva - 11F

Sou criança, deveria sorrir, erguer o olhar e rezar.
Mas não sei se estarão dispostos a ouvir...
Será que se importam com o que estou a sentir?
Não sei em quem confiar, será em Ti, nosso Deus?

Será em Alá, Osíris, Shiva ou Jeová...
Ou gritarei apenas por ti Homem ou Mulher?
Sou jovem, mas como ser feliz?
Olho em redor e vejo esse homem,

em terras estranhas a suplicar pela vida,
que essas feras ceifam com alegria.
Sou adulto, esperava saber sempre a verdade.
Viver apaixonadamente a liberdade,

livre da ignorância e da maldade humana.
E ao pensar que podia o mundo transformar,
esqueci que também ele me podia mudar.
Mas por agora, sou eu, uma alma em chamas.

Sem certezas, nem confianças, apenas medos e inseguranças.
Talvez, um dia, orgulho sentirei:
Na criança que fui e na mulher que serei.

JE SUIS FRANCISCA!

PARA QUE É QUE EXISTIMOS - Miguel Mascarenhas - 10C

Digam-me a razão!
Estudar, trabalhar,
Onde é que está a diversão?
Estou farto, só quero parar!

Mas eu já não temos opinião?
Nascer para seguir regras!
Ena, mas que bom então!
Que vida recheada de aventuras!

Quando eu puder dizer "não",
Nesse caso podem acordar-me!
Mas se tiverem alguma objeção!
Sem problema, eu ponho alarme!

Todos temos que seguir o padrão!
E não segui-lo está fora de questão!
Qual é o preço da fuga ao guião?

Digam se vale a pena, ou não?

QUEM ME DERA SER CHUVA - Olena Prebelyuk - 11B

Quem me dera ser chuva
Livre, rebelde
Desconhecida, diferente.

Mas não,
Sou simples mortal
Que vive de sonhos,
Que não aceita a realidade
Mundo criado sem vida
Simples lembranças.

Quero vaguear
Como vento, como chuva
Sorrir quando o sol aparece.

Deixar-te no passado,
Eliminar-te do presente,
Encontrar-te no futuro

Mas ninguém me ouve,
Ninguém me liga
Ignorância que rebenta a solidão
Falsidade tão comum e inocente.