segunda-feira, 23 de junho de 2014

ESPELHO DE UMA ESTRELA - Francisca Silva - 10F

 Há quinze anos que vejo uma estrela brilhar.
Engraçado, é ela quem me faz o jantar.
Uma estrelinha de cabelos dourados,
por vezes, cozinheira, outras, costureira.

Dona de um sorriso irradiante,
e uns olhos verdes contagiantes.
Espero nunca ter de lhe dizer adeus,
pois eu sei, que isso, vou pedir a Deus.

Costurar e cozinhar, ela já me quis ensinar.
Tal oferta tive que saber como recusar,
pois tamanha proposta, faria da minha habilidade,
uma pequena e simples amostra.

Dos meus cabelos faz uma bela trancinha,
fico então pronta para ir para a escolinha.
As minhas grandes birras atura.
Incrível, pois não se satura.

Uma estrelinha cadente,
cuja paciência, está sempre presente.
As suas lições ecoam na minha mente,
são um apelo a tornar-me gente.

Durante muitos anos, nela confiei.
Todas as pontes atravessei, a fim de a alcançar.
Não há rio que nos separe, somos peixinhos,
que sabem nadar até onde querem chegar.

Dotada de uma delicada beleza,
das suas qualidades tenho plena certeza.
Apenas um medo receio ter,
será o de não mais a poder ver.

À família jurou auxiliar,
tal tarefa não a deixa sequer respirar.
Mais uma autêntica vitória,
que permanecerá eternamente na memória.

Doce de Ananás e Laranja.
Cozinhar para ela é canja.
Camisa engraçada e saia rendada,
não há costureira mais prendada.

Alegre e bem cheiinha,
faz dela uma heroína bem jeitosinha.
De toda uma irrevogável paixão,
eu sei que me ama de alma e coração.

Pelos seus netos nutre grande amor,
excede qualquer imaginável valor.
Estrela de um brilho reluzente,
brilho, que parece nunca estar ausente.

São essas as essências da minha memória,
histórias que refletem grande glória.
E com tudo isto, quero apenas dizer:
Que melhor avó não podia ter!


FRANCISCA PRATAS PEREIRA DA SILVA, 10F

SOU O TUDO DO NADA - Emanuel Carreira - 12F

Serei um vagabundo
À procura de sitio para ficar?
Ou um habitante deste mundo
Que não pertence a nenhum lugar?

Serei uma pessoa horrenda
Que só consegue mentir?
No meu coração está uma fenda
Por só não conseguir sentir.

Sou um cego que consegue ver
Um surdo que consegue ouvir
Sou algo que não quer ser
E sinto tudo sem sentir.

Falo quando estou calado
Respiro depois de morrer
Estou livre algemado
Sou feliz a sofrer.


EMANUEL RODRIGUES CARREIRA, 12ºF

UMA PEQUENA PARTE DE TI - Carolina Silva - 10B

Sou uma pequena alma
Uma alma que acabara de ver a luz
Com toda a calma,
Come se tal fosse Jesus

Lutei contra a vida
Como se a odiasse
Mas adaptei-me
E deixei que o vento me levasse

Quando te vi outra vez
Não queria acreditar
Mas só que desta vez
Não te podia deixar voar

Queria to dizer,
Mas tive receio
Não sabia como haveria de ser
Não está escrito nos livros que leio

Enchi os pulmoes
com todo o ar que podia
e momentos depois
mostrei tudo o que valia

Finalmente avancei
Engoli todos os receios
E disse-lhe:
“Foste te que sempre amei,
Vou deixar-me de rodeios”

 “Toda a luz que incide nos teus olhos
É todo o amor que sinto e recolho
Todos os momentos que passamos
São como os ventos todos interligados
E depois das facadas que sofri,
Nunca desisto pois recordo-me de ti
És a força que me foi dada
E que no meu coração ficou cravada”

Conversámos
E namoramos,
Mas pouco tempo depois
Pouco havia entre nós dois

Nunca deu para te esquecer
Ficarás comigo até morrer

E quando morrer
Vais fazer-me crêr
Que tudo o que passamos
Não foi dôr,
Mas sim eterno amor!

Lá em cima vivi
Com uma parte de ti
Pois desde que te vi
Nunca me esqueci de ti


CAROLINA SILVA, 10B

JUNTOS VOAREMOS - Cátia Gil - 12G

Juntos voaremos os montes magoados,
Juntos cantaremos as lágrimas caídas,
Juntos passaremos a fronteira da verdade,
Juntos gritaremos os sons arrependidos,
Juntos quebraremos o muro das memórias vividas,
Juntos iremos usar a palavra como vingança,
Juntos iluminaremos a solidão,
Eu sou água e tu fogo,
Por isso lembrança voa, voa enquanto há tempo,
Porque enquanto tempo houver esta paixão nunca se irá perder.



CÁTIA GIL, 12G

QUEM SOU EU? - Beatriz Cruz - 11H

Quem sou eu?
Onde estou?
Pergunto todos os dias
O que o vento me levou.

A resposta é incerta,
Mas sempre igual:
Sou simplesmente
Uma criatura banal.

Não tenho morada,
Pelo menos aparente,
Mas isso não interessa,
Eu sou independente.

O vento, aquele malvado,
Apenas com um sopro
Arranca do meu peito
Todo o meu passado.

Memórias e lembranças
De uma vida infeliz,
Que agora acabam
Vagueando por aí.

Porém, a chuva veio
E o vento acalmou,
Arrastando a memória vagabunda
Que o vento me roubou.

Depois de algum esforço,
Lá a consegui apanhar,
Mas constatei com tristeza
Que a tinha que limpar.

Demorei algum tempo
A reconstruir o meu passado,
Só depois descobri
Que te tinha amado.

Amor como aquele
Não era normal.
Vivíamos obcecados,
O que se tornou fatal.

Ao longo dos anos,
Tudo foi mudando,
Devido a grandes incertezas
Ficaste fora dos meus planos.

Agora sim,
Já sei quem sou:
Sou uma criatura
Que te amou.




BEATRIZ ROLO DA CRUZ, 11ºH

ETERNAS PÉTALAS - Viviane Ferreira - 12I

No jardim da minha vida. Intactas.
Seu olor, sua leveza, seu toque, meu deleito.
Por entre a fissura da memória espreito.
Não desvanecera com o passar do momento.
Permanece até hoje do que fora feito, inteira.
Seu efeito, eterno sentimento…
Pétalas brancas e rosadas
espalhadas sobre os arbustos e terra.
Encobrem meu mundo
de paz, tranquilidade e sossego,
amando isto tudo
respeitando, abraçando meu medo.
Pétalas na minha vida amadas
por um jardim que desespera…
Que a rosa vermelha impele meu contento,
chamando meu ser.
Parei. Apreciei aquele momento,
e vi tudo no seu ter.
Suas encarnadas pétalas de vida
escurecem no seu interior mais profundo.
Sangue escorrido que ninguém vira, nem sentira.
Na calada, tudo.
Pétalas que dançam e florescem,
ao som dos ventos crescem,
tornando-se tudo ao mundo
que pouco ou nada lhe deu.

Aguçados espinhos cobrem seu corpo
até ao solo mais firme do jardim.
Fortes, compõem a rosa até ao fim.
Variados tamanhos quanto à dor que cada exprime,
surgem e protegem depois de afligida,
demonstrando seus medos, suas angústias, sua vida vivida.
Por baixo, na escuridão, mais escuro que a sombra,
estão suas raízes, grossas, consistentes, firmes!
Ela não vai sair deste mundo.
Ela não vai sair daqui.
Sei que está, ficará, faz parte,
pertence aqui, a mim,
a quem sou,
a tudo!
E por um novo prolongado suspiro
esqueci meus espinhos e receios.
Abri meus braços de vida novamente.
Dei a minha melhor cor, o meu melhor cheiro,
(ao) meu amor, meu inteiro coração.




VIVIANE JORGE MOTA FERREIRA, 12ºI

SER MOSCA - Inês Costa - 10A

Ah, quem me dera ser mosca
Pequena e insignificante
Poisar nos braços da vizinha
Que enlaça o seu amante.

Deve ser bem divertido
A toda a hora irritar
Pôr toda a gente em sentido
Para uma mosca apanhar.

Veloz como um foguetão
A mosca teima em zunir
Pica tudo o que tem à mão
Não lhe apetece fugir.

Cheira a fruta ou a sardinha
E a mosca logo aparece
Toma seus ares de rainha
E toda ela envaidece

E ri-se da fúria humana
Que a tenta destruir
Ela nem mexe a pestana
Voa, voa, sem cair.

Junta-se a outras no verão
Em bandos bem irritantes
No ar, no corpo ou no chão
Lá esvoaçam importantes.

Conhece segredos antigos
E mistérios por desvendar
Muitas promessas de amigos
Feitas à noite ao luar.

Ladina e inteligente
A mosca insiste em viver
Porém, basta ser pouco prudente
Para acabar por morrer.

Vida difícil mas atraente
A da mosca sem valor
Viaja com toda a gente
Entontece com o calor
Ah, quem me dera ser mosca
Perder-me no teu amor!




INÊS COSTA, N°18, 10°A