Ah, quem me dera ser mosca
Pequena e insignificante 
Poisar nos braços da vizinha 
Que enlaça o seu amante. 
Deve ser bem divertido 
A toda a hora irritar 
Pôr toda a gente em sentido 
Para uma mosca apanhar. 
Veloz como um foguetão 
A mosca teima em zunir 
Pica tudo o que tem à mão 
Não lhe apetece fugir. 
Cheira a fruta ou a sardinha 
E a mosca logo aparece 
Toma seus ares de rainha 
E toda ela envaidece 
E ri-se da fúria humana 
Que a tenta destruir 
Ela nem mexe a pestana 
Voa, voa, sem cair. 
Junta-se a outras no verão 
Em bandos bem irritantes 
No ar, no corpo ou no chão 
Lá esvoaçam importantes. 
Conhece segredos antigos 
E mistérios por desvendar 
Muitas promessas de amigos 
Feitas à noite ao luar. 
Ladina e inteligente 
A mosca insiste em viver 
Porém, basta ser pouco prudente 
Para acabar por morrer. 
Vida difícil mas atraente 
A da mosca sem valor 
Viaja com toda a gente 
Entontece com o calor 
Ah, quem me dera ser mosca 
Perder-me no teu amor! 
INÊS
COSTA, N°18, 10°A
 
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