De rua em rua, o Velho Homem avança,
por mais que procure nada alcança.
Hoje de ida, amanhã de regresso.
Toda a viagem fora desprovida de
sucesso.
Mergulhado nas próprias lembranças,
o Velho Homem regressa já sem
esperanças.
Nesta noite fria de luar,
há uma ira inconstante a brilhar.
Noite gélida, incapaz do seu coração
aquecer,
o Velho Homem não sabe mais o que
fazer.
Por essas ruas andando,
as memórias vão-se revelando.
O Velho Homem assim se apercebeu,
que este caminho não podia ser o seu.
Determinado a todas as batalhas
esquecer,
permanecem as cicatrizes de quem o fez
sofrer.
Além, no campo armadilhado,
descobrem-se as vitórias do culpado.
Prisioneiro do próprio olhar,
o Velho Homem teme apenas o futuro
encarar.
Dias de miséria e conspiração,
o Velho Homem oculta um passado de
revolução.
Sente saudades da sua pequena aldeia,
que de alegria estava cheia.
Obrigado a mãe e o pai deixar,
nada lhe restava se não a guerra
ganhar.
Onde está a honra e a glória?
Todos parecem orgulhosos da vitória.
Sedentos por mais desastres,
esquecem todos os antigos massacres.
Nessa Terra por Deus esquecida,
não existe fé erguida.
Todo um vasto plano de destruição,
será tudo o que os soldados nunca
esquecerão.
Um ar cansado de si se apoderou,
sente pena, pois a juventude não voltou.
O peso das armas que tanto carregou,
pelo peso da consciência trocou.
Tudo gira mais depressa do que outrora,
o Velho Homem não dá conta do minuto,
nem da hora.
Vinculado a um combate que na sua alma
perdura,
foram dias repletos de agrura.
Há muito tempo que o Velho Homem algo
planeia:
Expulsar o homem velho que dentro de si
vagueia.
Se a sua missão assim for estabelecida,
de certo, que será bem sucedida.
“Saudades da aldeia que contemplo,
pois já lá vai bastante tempo.
É a dor da guerra que agora enfrento.
Não será tarde para o arrependimento?“
FRANCISCA PRATAS PEREIRA DA SILVA, 10F
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