segunda-feira, 23 de junho de 2014

3.º prémio 2014 - O REGRESSO DO HERÓI - Francisca Silva - 10F

De rua em rua, o Velho Homem avança,
por mais que procure nada alcança.

Hoje de ida, amanhã de regresso.
Toda a viagem fora desprovida de sucesso.
Mergulhado nas próprias lembranças,
o Velho Homem regressa já sem esperanças.

Nesta noite fria de luar,
há uma ira inconstante a brilhar.
Noite gélida, incapaz do seu coração aquecer,
o Velho Homem não sabe mais o que fazer.

Por essas ruas andando,
as memórias vão-se revelando.
O Velho Homem assim se apercebeu,
que este caminho não podia ser o seu.

Determinado a todas as batalhas esquecer,
permanecem as cicatrizes de quem o fez sofrer.
Além, no campo armadilhado,
descobrem-se as vitórias do culpado.

Prisioneiro do próprio olhar,
o Velho Homem teme apenas o futuro encarar.
Dias de miséria e conspiração,
o Velho Homem oculta um passado de revolução.

Sente saudades da sua pequena aldeia,
que de alegria estava cheia.
Obrigado a mãe e o pai deixar,
nada lhe restava se não a guerra ganhar.

Onde está a honra e a glória?
Todos parecem orgulhosos da vitória.
Sedentos por mais desastres,
esquecem todos os antigos massacres.

Nessa Terra por Deus esquecida,
não existe fé erguida.
Todo um vasto plano de destruição,
será tudo o que os soldados nunca esquecerão.

Um ar cansado de si se apoderou,
sente pena, pois a juventude não voltou.
O peso das armas que tanto carregou,
pelo peso da consciência trocou.

Tudo gira mais depressa do que outrora,
o Velho Homem não dá conta do minuto, nem da hora.
Vinculado a um combate que na sua alma perdura,
foram dias repletos de agrura.

Há muito tempo que o Velho Homem algo planeia:
Expulsar o homem velho que dentro de si vagueia.
Se a sua missão assim for estabelecida,
de certo, que será bem sucedida.

“Saudades da aldeia que contemplo,
pois já lá vai bastante tempo.
É a dor da guerra que agora enfrento.
Não será tarde para o arrependimento?“


FRANCISCA PRATAS PEREIRA DA SILVA, 10F

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